Vereadora Camilla Gonda (PSB) rebate ataque misógino de vereador do PL na sessão desta terça-feira na Câmara Municipal

Nesta terça-feira (27), durante o Pequeno Expediente, a vereadora Camilla Gonda (PSB) usou a tribuna para responder aos ataques do vereador Olimpio Araujo Junior (PL). Na última segunda-feira (26), em uma publicação nas redes sociais, o parlamentar citou a vereadora, dizendo que ela “não tem absolutamente nada pra mostrar além de lacração. Camilla Gonda, por exemplo, no seu Instagram só aparece de salto alto, fingindo que está trabalhando nas ruas”.
Em resposta, Camilla exibiu o trecho e disse que, em vez de discutir ideias e projetos, o vereador prefere focar nos acessórios que uma mulher usa. “Um homem que reduz o trabalho de uma mulher a detalhes superficiais, como se isso definisse competência. Eu digo com firmeza que o problema não é o meu salto, o problema é que eu incomodo. Sejamos sinceros, seja lá pela forma com que eu me vestisse: eu incomodo porque faço política de verdade, porque eu trabalho e porque eu tenho compromisso com a população”, rebateu.
A vereadora apresentou dados disponíveis no sistema de proposições legislativas da Câmara Municipal de Curitiba, no qual é possível verificar os protocolos de cada parlamentar. De janeiro até hoje, o mandato de Camilla Gonda protocolou 1.015 proposições, enquanto o do vereador Olimpio Araujo apresentou 469. “Há uma diferença muito grande na qualidade e no compromisso. Enquanto nosso mandato está lado a lado da população, ouvindo, dialogando e construindo políticas públicas, o vereador apresenta projetos que de longe ajudam a cidade, apenas dividem e atrasam”, comentou.
Em um publicação da Câmara Municipal no perfil do Instagram, a instituição divulgou um projeto de lei do vereador Olimpio Araujo Junior, que que quer que banheiros, vestiários e barracas de escoteiros sejam separados pelo sexo biológico. No post, foi sugerido que a população deixasse a opinião nos comentários. Porém, o parlamentar respondeu diversas mensagens de maneira agressiva. Em uma delas, escreveu: “opiniões como a sua valem menos que a diarreia de um cachorro de rua com giárdia”. Gonda fez questão de pontuar que falar assim com a população é um absurdo: “a população paga o salário do senhor”.
Camilla reforçou que não vai aceitar qualquer tipo de ataques e deslegitimação da sua atuação como mulher. “O que você chama de lacração do meu trabalho, eu chamo de transparência. O que você chama de trabalho, eu chamo de ausência de compromisso com as pautas da população. Não aceito que me reduza a um salto, às roupas que uso ou a forma com que me posiciono. Isso diz muito mais do senhor do que de mim. Até mesmo porque eu ocupo, com 24 anos, a mesma cadeira que o senhor ocupa”, reiterou.
“Senhor vereador, mais respeito com a população, mais compromisso com seus pares, mais respeito com os próprios vereadores do mesmo espectro político que o senhor. Porque a gente sabe que o senhor não tem, mas eu tenho. Eu, enquanto mulher, não vou admitir que nenhum homem fale dos meus posicionamentos, da roupa que visto ou da forma que eu me coloco nesta tribuna. Respeite as mulheres”, finalizou.