PSDB flertou com diversas legendas, mas seu destino deve ser a fusão com o Podemos

Após anos de protagonismo na política brasileira, o PSDB parece ter encontrado seu próximo capítulo. Após tentativas frustradas de se reposicionar no cenário nacional e negociações com outras siglas, como o Republicanos, PSD e até o MDB, o tucanato caminha agora para a fusão com o Podemos — partido comandado pela deputada federal Renata Abreu e que abriga nomes como o ex-senador Álvaro Dias.
A expectativa é de que a fusão seja oficializada até o final de abril e que a nova legenda já esteja estruturada para disputar com força as eleições de 2026. Com a união, PSDB e Podemos formarão a quinta maior bancada da Câmara dos Deputados, com 27 parlamentares. Isso deve garantir ao novo partido um dos maiores orçamentos do fundo eleitoral, um ativo fundamental para lançar candidaturas competitivas à presidência, governos estaduais e ao Congresso.
A nova sigla ainda estuda nomes como “Independentes” ou “Moderados”, buscando se firmar como uma alternativa ao extremismo de PT e PL, apresentando-se ao eleitorado como uma força de centro-direita democrática.
Efeitos no Paraná: união de opostos?
No Paraná, o impacto da fusão pode provocar um embate curioso — ou, ao menos, um constrangimento político. A possível união entre Cristina Graeml, jornalista e atual pré-candidata ao Senado pelo Podemos, e Beto Richa, ex-governador e principal nome do PSDB no estado, pode gerar faíscas internas.
Nas eleições de 2024, Cristina foi candidata à prefeitura de Curitiba pelo PMB e não economizou críticas a Beto Richa, o ex-governador se defendeu dizendo: “Ataque gratuito, mentiroso, sem levar em conta a verdade: todas as acusações fizeram parte de ativismo judicial de agentes públicos e foram consideradas levianas, sem provas. Todos os processos foram anulados e arquivados”. Agora, com a possibilidade da fusão entre seus partidos, ambos podem dividir o mesmo palanque. A aproximação obrigaria ambos a um exercício de pragmatismo político — ou a um distanciamento estratégico dentro da legenda.
Ainda não está claro se Beto Richa tentará um retorno a cargos majoritários em 2026, mas nos bastidores ele é apontado como um possível candidato ao Senado ou deve buscar a recondução a Câmara Federal. Já Cristina aposta em seu crescimento nas redes sociais e no eleitorado conservador para ocupar um cargo no senado.
Um novo centro para 2026?
A fusão entre PSDB e Podemos não acontece por acaso. Com o cenário político cada vez mais polarizado, os partidos buscam se reinventar e formar blocos que consigam disputar com força real as eleições. A possível formação de uma federação com o Solidariedade também está no radar e pode ampliar ainda mais o poder de fogo da nova sigla, tanto eleitoral quanto financeiro.
A escolha de Renata Abreu para liderar esse novo partido também é estratégica. Ela tem articulado pessoalmente as negociações e promete entregar uma legenda com musculatura política e coerência ideológica. O desafio será manter coesão entre as alas mais tradicionais do PSDB e os novos rostos mais conservadores do Podemos.
Nos próximos dias, a formalização da fusão deve ganhar os holofotes. Resta saber como os líderes regionais reagirão — e, principalmente, se nomes historicamente antagônicos conseguirão dividir o mesmo espaço sob o mesmo guarda-chuva partidário.