Pedido de cassação do MP pode tirar Rafael Greca da disputa pelo Governo do Paraná em 2026
O cenário político do Paraná foi sacudido por uma nova reviravolta que pode impactar diretamente os planos eleitorais de 2026. Um parecer emitido pelo Ministério Público Eleitoral do Paraná pede a cassação dos mandatos do prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), e de seu vice, Paulo Martins (PL), por abuso de poder político e de autoridade. Mais que isso, o MP também pede a inelegibilidade por oito anos do ex-prefeito Rafael Greca (PSD) — figura central no atual tabuleiro político paranaense.
O caso: coação de servidores para arrecadação de campanha
A denúncia, apresentada pela candidata derrotada Cristina Graeml (Podemos), teve como ponto de partida a divulgação de um áudio pelo portal Metrópoles. Na gravação, Antônio Carlos Pires Rebello — então superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura de Curitiba — orienta servidores comissionados a comprar convites de R$ 3 mil para um jantar de arrecadação da campanha de Eduardo Pimentel, com instruções para que os pagamentos fossem feitos em nome de terceiros e ameaças de exoneração para quem não colaborasse.
A promotora eleitoral Cynthia Maria de Almeida Pierri entendeu que houve abuso de poder político e uso da máquina pública para fins eleitorais. Para o MP, essa conduta comprometeu a lisura do pleito e justifica a cassação da chapa eleita.
Greca no centro da crise
Embora não seja réu direto na ação, Rafael Greca é citado no parecer do MP como responsável por “omissão ou negligência” ao não coibir a prática, ou, eventualmente, por ter conhecimento e anuído com os fatos. O documento afirma que sua inação também pode configurar contribuição para o ato abusivo.
Além disso, o MP destaca que a exoneração imediata de Rebello, após a revelação do áudio, constitui um “forte indício de veracidade e gravidade da conduta”, apontando para uma tentativa de controlar os danos diante da repercussão negativa. Greca, à época, era o prefeito em exercício e apoiador direto da candidatura de Pimentel.
Consequências: inelegibilidade até 2032
Se a Justiça Eleitoral acatar o parecer do MP e o entendimento for mantido nas instâncias superiores — incluindo o TRE-PR e o TSE —, Rafael Greca poderá ficar inelegível até 2032, o que o impede de disputar o Governo do Estado em 2026, como vinha sendo articulado nos bastidores do PSD.
Greca, que deixou a prefeitura no final de 2024, atualmente ocupa uma cadeira no governo estadual, como secretário de Desenvolvimento Sustentável. No entanto, rumores de bastidores indicam resistência ao seu nome dentro da própria base aliada, inclusive entre prefeitos do interior e lideranças do Legislativo. O processo de inelegibilidade poderia ser o golpe final em sua pretensão de suceder Ratinho Junior no Palácio Iguaçu.
E agora? O que esperar do cenário político
A ação ainda será julgada pela 175ª Zona Eleitoral de Curitiba, com possibilidade de recurso. Mesmo que a decisão demore, o parecer do MP já causa efeitos políticos: gera instabilidade na base do PSD, pressiona Eduardo Pimentel em seu primeiro ano como prefeito e embaralha os planos da legenda para a sucessão estadual.
O caso também reacende o debate sobre o uso da máquina pública em campanhas eleitorais, especialmente em grandes centros urbanos. A depender do desfecho, a Justiça pode determinar a cassação dos atuais mandatários e convocar novas eleições em Curitiba.
Trajetória Abalada
Rafael Greca, uma das figuras mais influentes da política curitibana e paranaense nas últimas décadas, agora vê sua trajetória ser colocada à prova por um parecer que pode tirá-lo da disputa em 2026. A inelegibilidade, caso confirmada, representará não apenas um revés pessoal, mas uma mudança significativa na composição de forças políticas no estado do Paraná.
O desfecho do processo será acompanhado de perto por aliados e adversários, pois poderá redefinir os rumos da política estadual nos próximos anos.
