Eleição da mesa diretora da Câmara de Curitiba escancara embates ideológicos
A eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Curitiba começou a refletir a polarização política que deve marcar os próximos anos legislativos. Com uma maioria conservadora, os discursos ideológicos ganharam força durante a votação para a 4ª Secretaria, único cargo destinado ao bloco de oposição, que indicou a vereadora Giorgia Prates (PT) como candidata.
Embora Giorgia fosse a única concorrente ao cargo, a sessão foi marcada por discursos contrários à sua eleição. O vereador Bruno Seccoo (PMB) iniciou o embate ao se abster da votação com a justificativa: “Voto contra o PT, contra esta candidatura.” A declaração serviu como gatilho para outros vereadores conservadores, como Da Costa, que afirmou “voto não à esquerda”; Eder Borges, que declarou “sempre não ao PT e viva ao Brasil”; e Guilherme Kulter, que emendou: “Não ao PT, fora Lula, me abstenho.”
Uma fala que gerou repercussão foi a do vereador Olímpio Araújo Júnior. Inicialmente, sua postura sugeria que ele honraria os compromissos previamente acordados para a formação da mesa diretora. No entanto, seu discurso de conservadorismo acabou prevalecendo: “Em respeito às mulheres e às mulheres negras, como as minhas filhas, me abstenho e me recuso a votar no PT.” A declaração foi interpretada como contraditória, já que Giorgia Prates é a única mulher negra na Câmara, evidenciando tensões que vão além da política partidária.
Na contramão das manifestações ideológicas, os vereadores Pier Petruziello e Renan Ceschin defenderam a importância de cumprir os acordos. “Isso aqui não tem nada a ver com PT ou não. Eu também sou antipetista, mas voto na Giorgia porque foi o compromisso que fizemos, e compromisso tem que ser honrado,” afirmou Pier.
“Isso aqui não tem nada a ver com PT ou não. Eu também sou antipetista, mas voto na Giorgia porque foi o compromisso que fizemos, e compromisso tem que ser honrado”
Com 31 votos favoráveis e 7 abstenções, Giorgia Prates foi eleita para a 4ª Secretaria. O presidente da sessão, Jasson Goulart, encerrou os debates ao pedir continuidade à ordem do dia: “A partir do dia 3, teremos bastante tempo para discutir.”
A eleição da mesa diretora foi marcada por acordos prévios e alianças políticas. A chapa eleita, que conta com Tico Kuzma (PSD) na presidência, reflete a maioria conservadora da Casa e promete uma gestão alinhada ao grupo político do prefeito Eduardo Pimentel.
