Política

Crise no Campo Progressista da Câmara de Curitiba: Estratégia ou Ruptura?

Crise no Campo Progressista da Câmara de Curitiba: Estratégia ou Ruptura?
  • Publishedfevereiro 3, 2025

A recente adesão do PDT ao bloco parlamentar formado por MDB e Republicanos na Câmara Municipal de Curitiba trouxe à tona uma crise no campo progressista da Casa. O movimento gerou insatisfação entre setores da oposição, que viam no PDT e, especialmente, na vereadora Laís Leão uma liderança alinhada às pautas progressistas. Mas afinal, essa mudança representa uma ruptura política ou uma estratégia legislativa?

A Estratégia por Espaço nas Comissões

No centro da decisão está a busca por representação nas Comissões Permanentes, órgãos essenciais para a tramitação de projetos. Segundo a vereadora Laís Leão, a movimentação do PDT foi motivada pela necessidade de garantir participação na Comissão de Urbanismo e Meio Ambiente, especialmente em um ano crucial para a revisão do Plano Diretor de Curitiba – o conjunto de regras que definirá o desenvolvimento da cidade nos próximos anos.

Como única urbanista eleita na Câmara, Laís enfatiza que sua presença na comissão é fundamental para qualificar o debate. No entanto, enquanto o PDT integrava o bloco de oposição, não houve consenso para assegurar essa participação.

 “Imagina não ter a única urbanista da Casa na Comissão de Urbanismo?” questionou a parlamentar ao rebater críticas sobre sua decisão.

Dessa forma, a adesão ao novo bloco aparece como um movimento pragmático, visando influência em discussões estratégicas para a cidade, sem, necessariamente, representar uma mudança de alinhamento ideológico.

Independência ou Aproximação com a Base Governista?

Apesar do posicionamento oficial do PDT de que o partido manterá sua independência nas votações, setores da oposição enxergaram a movimentação com desconfiança. Parte dos parlamentares progressistas argumentam que o bloco formado por MDB e Republicanos possui forte inclinação governista e que, ao integrar esse grupo, o PDT estaria se afastando da oposição.

Por outro lado, Laís Leão reforçou que o ingresso no bloco não obriga a seguir um alinhamento automático com o Executivo e classificou as críticas como “levianas”, argumentando que sua atuação deve ser julgada pelas votações e não por movimentações de bastidores.

 “Nossa independência de votação técnica nunca esteve em jogo. Me surpreende qualquer insinuação quanto à minha idoneidade e direcionamento progressista, sendo que sequer tivemos uma votação nesta Casa.”

A parlamentar ainda afirmou que vê na sua participação na Comissão de Urbanismo uma oportunidade de fiscalizar cada centímetro da pauta urbanística e ambiental da cidade, destacando que sempre votará em favor do que for melhor para Curitiba.

Impactos para o Campo Progressista e para a Câmara

Essa movimentação expõe divisões internas na oposição e levanta questionamentos sobre a capacidade do campo progressista de se articular de forma unificada dentro da Câmara Municipal. Sem um bloco coeso, a tendência é que a influência dos setores mais alinhados ao governo municipal cresça, dificultando a construção de uma resistência forte a projetos considerados desfavoráveis pelos grupos progressistas.

Além disso, a reação dura contra Laís Leão levanta um debate sobre o espaço das mulheres na política. A parlamentar indicou que as críticas direcionadas a ela poderiam ter um tom diferente caso a decisão tivesse sido tomada por um colega homem. Esse aspecto ressalta as barreiras que mulheres enfrentam mesmo dentro de campos ideológicos historicamente comprometidos com pautas de igualdade.

Movimento Tático ou Ruptura?

A adesão do PDT ao bloco de MDB e Republicanos pode ser interpretada de duas formas:

Para Laís Leão e seus aliados, trata-se de uma estratégia tática para ocupar espaços fundamentais no debate urbanístico e ambiental, garantindo mais voz para as pautas progressistas.

Para setores da oposição, o movimento representa uma ruptura silenciosa, um possível distanciamento do PDT do bloco progressista e uma abertura para futuras aproximações com a base do governo.

O verdadeiro impacto dessa decisão só poderá ser medido nos próximos meses, quando as primeiras grandes votações ocorrerem. Até lá, a crise no campo progressista de Curitiba segue como um capítulo aberto na política local.

O que você acha desse movimento? O PDT fez certo ao buscar espaço nas comissões ou deveria ter mantido sua posição na oposição? Deixe sua opinião nos comentários!

Written By
CWBuzz

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