Política

Código de Ética avança na ALEP, mas Câmara de Curitiba vive retrocesso

Código de Ética avança na ALEP, mas Câmara de Curitiba vive retrocesso
  • Publishedmaio 28, 2025

Câmara de Curitiba e ALEP vivem momentos opostos em relação à conduta parlamentar

Na mesma terça-feira (27) em que a Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) anunciou um novo e mais rigoroso Código de Ética Parlamentar, a Câmara Municipal de Curitiba foi palco de um episódio de misoginia que expõe como o respeito institucional ainda é um desafio em muitos espaços políticos.

A vereadora Camilla Gonda (PSB) subiu à tribuna para rebater ataques pessoais feitos pelo vereador Olímpio Araújo Junior (PL), que publicou em suas redes sociais que Gonda “não tem absolutamente nada pra mostrar além de lacração”, além de afirmar que “só aparece de salto alto, fingindo que está trabalhando nas ruas”.


“O problema não é o salto, é que eu incomodo”

Camilla Gonda respondeu com firmeza. “Um homem que reduz o trabalho de uma mulher a detalhes superficiais, como se isso definisse competência, não pode ser levado a sério”, afirmou. “O problema não é o meu salto. O problema é que eu incomodo porque faço política de verdade, porque trabalho e porque tenho compromisso com a população.”

A vereadora apresentou dados concretos: de janeiro até agora, seu mandato protocolou 1.015 proposições, enquanto o do vereador Olímpio registrou apenas 469. Segundo ela, “há uma diferença muito grande na qualidade e no compromisso”.


O comportamento nas redes também virou alvo de críticas

O comportamento agressivo de Olímpio nas redes sociais também foi lembrado. Em um post da Câmara de Curitiba sobre um projeto de sua autoria, o vereador respondeu de forma ofensiva aos comentários da população, chegando a escrever que uma opinião “valia menos que a diarreia de um cachorro de rua com giárdia”.

Camilla criticou o desrespeito: “A população paga o salário do senhor. Falar assim com um cidadão é um absurdo”.


O paralelo com a ALEP e o novo Código de Ética

A fala de Gonda ocorre dias após um episódio semelhante envolvendo a deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT), que foi alvo de ofensas por parte do deputado Ricardo Arruda (PL). O caso teve ampla repercussão e levou o presidente da ALEP, Alexandre Curi (PSD), a prometer a criação de um novo Código de Ética, apresentado nesta terça.

O novo código traz normas mais duras: prevê perda de mandato por assédio e agressões, exige conduta respeitosa também nas redes sociais, e proíbe deputados de relatar projetos que envolvam financiadores de campanha. O Conselho de Ética também foi ampliado, com critérios de imparcialidade mais claros.

Segundo Alexandre Curi, “não adiantava ter rigor no plenário sem regras claras no Conselho. Agora temos.”


“Respeite as mulheres”

No encerramento de seu discurso, Camilla Gonda fez um apelo direto: “Mais respeito com a população. Mais respeito com seus pares. Respeite as mulheres.” Ela ainda destacou que ocupa, com apenas 24 anos, a mesma cadeira que Olímpio ocupa: “E não admito que nenhum homem tente me diminuir por isso.”


Câmara Municipal seguirá o exemplo?

Enquanto a Assembleia Legislativa do Paraná dá um passo histórico para institucionalizar o respeito e o decoro parlamentar, a Câmara de Curitiba mostra que ainda há um longo caminho a percorrer. O episódio envolvendo Camilla Gonda escancara que, para além de novos códigos e normas, é preciso coragem, especialmente das mulheres, para fazer frente ao machismo ainda tão presente na política. E que ética não pode ser apenas um papel: precisa ser exemplo, prática e cultura institucional.

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CWBuzz

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