A eleição presidencial de 2026 ainda está distante, mas as movimentações da direita já começam a definir os rumos da disputa. No centro dessas articulações, a figura de Jair Bolsonaro continua a dominar o debate, seja por sua popularidade entre os apoiadores, seja pelas polêmicas que cercam sua estratégia política. Apesar de estar inelegível até 2030, o ex-presidente mantém um discurso que o coloca como candidato natural da direita, levantando questionamentos sobre sua real intenção e os impactos dessa postura para o campo conservador.
A Insistência em Permanecer no Jogo Político
Mesmo impossibilitado de concorrer, Bolsonaro insiste na possibilidade de candidatura em 2026. Essa postura tem sido interpretada por aliados como uma tentativa de manter o protagonismo e evitar a ascensão de novas lideranças dentro da direita. Essa estratégia, porém, pode limitar as opções do grupo político, impedindo a construção de um nome forte que possa concorrer de fato contra a esquerda.
Além disso, há indícios de que Bolsonaro pretende emplacar um membro de sua família na disputa presidencial. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro surgem como possibilidades de herdeiros políticos. Entretanto, essa tentativa de concentrar o poder dentro do próprio núcleo familiar tem gerado resistência, especialmente dentro do Centrão, que vê na imposição bolsonarista um entrave para a construção de alianças estratégicas.

O Clã Bolsonaro e o Risco de Fragmentação
A direita brasileira enfrenta um dilema: apostar novamente na influência de Bolsonaro ou buscar novas lideranças que possam representar o espectro conservador sem os desgastes acumulados pelo ex-presidente. A centralização do debate na figura de Bolsonaro – ou de alguém indicado por ele – pode enfraquecer a coesão do grupo e criar divisões internas.
O ex-presidente tem reiteradamente rejeitado nomes que não são de seu círculo mais próximo, dificultando a ascensão de figuras que poderiam unificar a direita em 2026. Isso ficou claro nas eleições municipais de 2024, quando Bolsonaro apostou em candidaturas que seguiam sua linha de atuação, mas que, em diversos casos, fracassaram por falta de amplitude política.
Além disso, a recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado adiciona um elemento de instabilidade ao cenário. O avanço das investigações pode enfraquecer ainda mais sua imagem e dificultar alianças estratégicas para a disputa presidencial.
O Futuro da Direita: Superar Personalismos ou Arriscar a Derrota?
Se a direita brasileira deseja voltar ao poder em 2026, precisará superar o personalismo de Bolsonaro e abrir espaço para novas lideranças. Manter a dependência do ex-presidente – ou de sua família – pode significar uma limitação no crescimento do espectro conservador e, consequentemente, abrir caminho para a continuidade da esquerda no Palácio do Planalto.
O jogo político está em aberto, mas uma coisa é certa: se Bolsonaro não flexibilizar sua estratégia, a direita pode perder uma oportunidade crucial de reconstrução e renovação.