Política

Vale tudo pelo like? Kilter apresenta projeto copiado de Bettega

Vale tudo pelo like? Kilter apresenta projeto copiado de Bettega
  • Publishedmaio 27, 2025

Em um cenário político cada vez mais pautado por discussões polêmicas e projetos que atraem atenção nas redes sociais, o vereador Guilherme Kilter (Novo) apresentou uma proposta que, ao que tudo indica, repete o conteúdo de um projeto similar do vereador João Bettega (União). Ambos miram no mesmo alvo: proibir que recursos públicos sejam usados para financiar, patrocinar ou divulgar eventos com nudez, simulação de atos sexuais, conteúdo erótico ou de natureza libidinosa. Apesar de defenderem a proteção de crianças e adolescentes, os projetos também se encaixam em uma estratégia política que prioriza a visibilidade pública, muitas vezes em detrimento de discussões mais urgentes para a cidade.

Projetos praticamente idênticos

O texto de Kilter estabelece que tanto a administração direta quanto a indireta fiquem impedidas de apoiar institucionalmente esse tipo de evento, mesmo que sua classificação indicativa permita. O descumprimento acarretaria multas, rescisões contratuais e penalidades revertidas para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente. O curioso é que essas mesmas diretrizes já haviam sido apresentadas por Bettega semanas antes, com foco específico nos eventos apoiados pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura (PAFICC). A sobreposição entre os dois projetos levanta uma dúvida: se a intenção era complementar o debate, por que não propor emendas ao texto original, em vez de apresentar uma proposta nova que gera duplicidade de esforços?

Trâmite desnecessário e custo político-administrativo

Projetos como esse exigem todo um trâmite legislativo: pareceres jurídicos, análise em comissões, tempo de plenário e de servidores da Casa. Cada etapa representa recursos públicos sendo utilizados. Quando propostas semelhantes são apresentadas isoladamente, em vez de se somarem por meio de emendas ou substitutivos, a Câmara acaba gastando tempo e estrutura para debater a mesma pauta duas vezes, o que onera o processo legislativo e atrasa a tramitação de outras proposições mais urgentes.

A lógica da “bancada do like”

Esse fenômeno revela um comportamento cada vez mais comum na política local: o da “bancada do like”. São parlamentares que priorizam projetos com apelo ideológico ou cultural polêmico, cuja principal função é gerar engajamento nas redes sociais. O conteúdo técnico muitas vezes é deixado de lado em prol de slogans e cortes para vídeo. Projetos como esse se multiplicam nas Casas Legislativas de todo o país, mas pouco resultam em políticas públicas reais e eficazes.

Falta de diálogo e articulação legislativa

Vale destacar que, em vez de buscar um caminho coletivo para aprimorar uma ideia já em tramitação, como seria o caso da apresentação de emendas ao projeto de Bettega, Kilter optou por apresentar um novo texto praticamente idêntico. Isso revela também uma dificuldade de articulação entre os próprios parlamentares da base conservadora, que acabam disputando protagonismo em torno de um mesmo tema, sem avançar no que realmente importa: o aperfeiçoamento da proposta.

Política ou performance?

Enquanto a cidade de Curitiba enfrenta desafios complexos em áreas como saúde, educação, mobilidade e habitação, parte da Câmara Municipal se ocupa em debater projetos repetidos que parecem ter como principal objetivo a autopromoção dos autores. A população merece um parlamento mais eficiente e focado em resultados, e não apenas em discursos prontos para as redes.

Fica o questionamento: até que ponto vale usar a estrutura do Legislativo para repetir propostas e alimentar disputas por curtidas, em vez de unir esforços para legislar com mais responsabilidade e eficiência?

Written By
CWBuzz

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