Ronaldo Caiado Confirma Pré-Candidatura à Presidência em Meio a Desafios Partidários
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), confirmou o lançamento de sua pré-candidatura à Presidência da República para o dia 4 de abril de 2025, em Salvador (BA), durante um evento no Centro de Convenções da capital baiana. Apesar de pressões internas no União Brasil para adiar o ato, Caiado reafirmou sua determinação em seguir adiante. A decisão ocorre em um momento de reconfiguração política no país, com a direita buscando alternativas para 2026, especialmente após a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL).
Contexto Partidário de Caiado
Caiado, um político experiente com longa trajetória na direita, governa Goiás desde 2018 e é conhecido por sua alta aprovação no estado, que chega a 86% segundo a pesquisa Genial/Quaest. Filiado ao União Brasil, ele enfrenta um cenário interno complexo. O partido está dividido entre uma ala governista, que apoia a reeleição de Lula e inclui três ministros no governo (Celso Sabino, Juscelino Filho e Waldez Góes), e uma ala oposicionista, liderada por figuras como Caiado e ACM Neto, que buscam consolidar o União Brasil como uma força de centro-direita. Essa divisão tem gerado tensões, com setores do partido pressionando Caiado a suspender sua pré-candidatura para evitar um racha interno.
A Chapa com Gusttavo Lima que Não Se Concretizou
Inicialmente, Caiado anunciou uma chapa com o cantor sertanejo Gusttavo Lima, planejando lançá-la no mesmo evento em Salvador. A ideia era que ambos “caminhassem juntos”, com a definição de quem seria presidente ou vice adiada para 2026, dependendo de pesquisas eleitorais. A parceria gerou expectativa, já que Lima, apesar de sua inexperiência política, tem grande apelo popular e poderia atrair eleitores jovens e fora do eixo político tradicional. No entanto, menos de uma semana antes do evento, Lima anunciou que não disputará a Presidência, afirmando que deseja “contribuir de outras formas” sem concorrer a cargos públicos.
Nomes na Disputa pela Direita
Com Bolsonaro inelegível até 2030, a direita enfrenta fragmentação na escolha de um nome competitivo para 2026. Além de Caiado, outros governadores estão no radar: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), que desponta como favorito, mas prioriza a reeleição em São Paulo; Ratinho Jr. (PSD-PR), que depende do aval de Bolsonaro; e Romeu Zema (Novo-MG), que tenta nacionalizar seu nome, mas carece de apoio partidário. O ex-coach Pablo Marçal (PRTB), apesar de sua projeção, foi declarado inelegível por abuso de poder político, o que limita suas chances. A falta de coesão na direita pode favorecer Lula, que, apesar de desafios, mantém uma base sólida, ou abrir espaço para um nome de centro.
A Possível Federação com o PP: Risco ou Oportunidade?
As negociações para uma federação entre União Brasil e Progressistas (PP) são um fator crucial para a candidatura de Caiado. Essa aliança poderia formar a maior bancada da Câmara, com 106 deputados, superando o PL (92), e garantir mais recursos e tempo de TV para a campanha. No entanto, o PP, liderado por Ciro Nogueira, um dos principais articuladores do Centrão, prega cautela e exige que Caiado tenha o apoio de Bolsonaro para consolidar sua candidatura, algo que parece improvável devido ao histórico de atritos entre os dois—Bolsonaro chegou a chamar Caiado de “traidor” por suas posições durante a pandemia. Além disso, a ala governista do União Brasil pode usar a federação como argumento para aproximar o partido de Lula, frustrando os planos de Caiado. Por outro lado, se bem-sucedida, a federação poderia alavancar sua campanha, dando-lhe estrutura para competir em um cenário polarizado.
Perspectivas para 2026
A pré-candidatura de Caiado é um movimento ousado em um contexto de incertezas. Sua experiência política e popularidade em Goiás são trunfos, mas a fragmentação da direita, as tensões no União Brasil e a dependência de alianças como a federação com o PP são desafios significativos. A desistência de Gusttavo Lima pode ter reduzido o apelo popular de sua campanha, mas também o coloca como protagonista único de sua pré-candidatura. Resta saber se Caiado conseguirá unificar a direita e superar as resistências internas e externas para se firmar como uma alternativa viável em 2026.
