Luizão Goulart: Forte nas Urnas, Frágil na Articulação Política

Luizão Goulart, ex-prefeito de Pinhais e ex-deputado federal, é um nome consolidado no cenário político paranaense, conhecido por sua expressiva votação nas urnas. No entanto, sua trajetória também é marcada por dificuldades recorrentes em transformar esse capital eleitoral em poder político efetivo. As eleições municipais de 2024, em Curitiba, reforçaram essa dinâmica e evidenciaram os desafios que Luizão enfrenta na construção de uma base partidária competitiva.
Um Desempenho Eleitoral Expressivo, Mas Insuficiente
Na disputa pela prefeitura de Curitiba em 2024, Luizão Goulart recebeu 41.271 votos, mais que o dobro de sua concorrente Maria Victoria (PP), que, mesmo com maior tempo de TV e mais recursos financeiros, obteve apenas 20.497 votos. Apesar do desempenho positivo, Luizão não conseguiu alcançar o segundo turno, e seu partido, o Solidariedade (SD), saiu sem representação na Câmara Municipal, um revés significativo para um candidato com sua projeção.
A dificuldade de Luizão em estruturar uma chapa forte para o legislativo custou caro à sua legenda. O ex-vereador Professor Dalton Borba, um dos principais nomes da chapa do Solidariedade, não conseguiu se reeleger, frustrando as expectativas de ampliação da base do partido na capital paranaense. Essa fragilidade reflete um problema crônico na trajetória de Luizão: a falta de uma estrutura partidária capaz de sustentar e capitalizar sua popularidade nas urnas.
Repetindo Erros do Passado
A dificuldade de Luizão em garantir apoio político robusto já lhe trouxe grandes prejuízos eleitorais. Em 2022, ao disputar uma vaga na Câmara Federal, ele obteve 96.543 votos — um número superior ao de 15 deputados eleitos pelo Paraná. No entanto, devido a uma composição desfavorável de chapa, ficou fora da Câmara Federal.
Além de perder a eleição, Luizão viu sua posição dentro do Solidariedade enfraquecer. Antes presidente estadual do partido, ele foi destituído da liderança para dar lugar a Fernando Francischini, que hoje comanda a legenda no estado e ocupa uma posição de destaque na executiva nacional como vice-presidente. Essa mudança consolidou um novo eixo de poder dentro do SD, deixando Luizão politicamente isolado.
A Federação Como Caminho Para a Sobrevivência Partidária
Enquanto Luizão luta para manter relevância no cenário local, Fernando Francischini trabalha para fortalecer o Solidariedade nacionalmente. Um de seus principais projetos é a criação de uma federação partidária entre Solidariedade, PSDB e Podemos, uma estratégia que daria mais robustez política a essas legendas e ampliaria suas chances eleitorais em 2026.
Além disso, Francischini exerce a função de coordenador regional do Solidariedade no Sul do Brasil, o que lhe garante influência direta sobre as diretrizes partidárias no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse movimento não apenas fortalece a legenda, mas também dificulta qualquer tentativa de Luizão de retomar espaço dentro do partido.
O Futuro Político de Luizão Goulart
Com a perda de poder dentro do Solidariedade e sem espaço para comandar um partido, Luizão terá dificuldades para se manter no partido e sua saída da sigla é como certa. A liderança estadual de Francischini e sua crescente influência no cenário nacional indicam que o ex-prefeito de Pinhais precisará buscar novos caminhos se quiser seguir relevante na política paranaense. Apesar disso, Luizão ainda possui um ativo valioso: sua expressiva votação. O resultado das eleições de 2024 demonstrou que, mesmo sem uma grande estrutura partidária, ele ainda é um nome forte e capaz de mobilizar eleitores. Esse fator pode garantir a ele oportunidades em outras legendas, caso decida migrar para um novo partido.