Ratinho Junior deve buscar nova legenda para 2026

Ratinho Junior e o desafio de viabilizar uma candidatura presidencial: cenário exige nova legenda

À medida que as articulações para a eleição presidencial de 2026 ganham forma, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), enfrenta um dilema que pode mudar os rumos de sua carreira política. Recentes movimentações dentro do PSD indicam que o partido, comandado por Gilberto Kassab, deve apoiar a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão, conforme divulgado pelo jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles, reflete interesses estratégicos da sigla, que possui forte presença nacional e aposta em alianças com o Planalto para expandir seu protagonismo político.

PSD: Um gigante alinhado a Lula em 2026

O PSD emerge como peça-chave no cenário político nacional. Com 891 prefeitos e 6.624 vereadores eleitos em 2024, o partido é a maior força municipalista do país. Essa capilaridade faz do PSD um aliado indispensável para qualquer presidenciável que deseje alcançar espaços importantes do eleitorado brasileiro.

O alinhamento com Lula é reforçado por figuras estratégicas como Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro e provável candidato ao governo fluminense, e Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia e possível candidato ao governo de mineiro, ambos peças centrais no tabuleiro eleitoral de 2026. Além disso, há rumores de que Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, possa assumir um ministério, ampliando o espaço da legenda no governo federal.

Diante desse cenário, fica evidente que o PSD dificilmente abriria espaço para uma candidatura presidencial de Ratinho Junior, especialmente com o governador do Paraná representando o espectro da centro-direita, que contrasta com a aproximação da sigla com o PT.

Caminhos alternativos para Ratinho Junior

Para viabilizar sua candidatura presidencial, Ratinho Junior terá de buscar um novo partido. Nesse contexto, duas siglas despontam como alternativas viáveis: o PL e o Republicanos.

PL: Uma estrutura robusta com base consolidada
O PL, mesmo enfrentando os desafios da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, continua sendo uma força política relevante. Com Valdemar Costa Neto à frente, a sigla mantém sua posição de destaque na direita brasileira, com forte bancada federal e estrutura partidária consolidada. Embora Bolsonaro ainda seja uma figura central e o nome do partido para 2026, a sigla já sinalizou abertura para novas lideranças, e Ratinho Junior poderia se posicionar como um nome de consenso para unir diferentes segmentos da direita.

Republicanos: Palanque estratégico em São Paulo
Outra alternativa para Ratinho seria o Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Embora Tarcísio seja cotado para disputar a presidência, a expectativa é de que ele busque a reeleição ao governo paulista em 2026. Essa movimentação abriria espaço para Ratinho liderar o projeto presidencial da sigla, contando com o apoio de Tarcísio no maior colégio eleitoral do país. No Paraná, o Republicanos já integra a base governista de Ratinho, o que facilitaria uma transição harmoniosa.

Os desafios internos e o impacto regional

A possível saída de Ratinho Junior do PSD não seria isenta de custos políticos. Durante seu mandato, o governador consolidou o partido como a principal força no Paraná, com a maior bancada de deputados estaduais e federais, além de controlar prefeituras estratégicas como Curitiba, com Eduardo Pimentel, e Londrina, com Tiago Amaral. Uma mudança de legenda poderia gerar uma dispersão no PSD paranaense.

Além disso, partidos como União Brasil e MDB, que poderiam surgir como alternativas, apresentam desafios específicos. O União Brasil já sinalizou interesse em lançar Ronaldo Caiado como candidato presidencial, enquanto o MDB, historicamente pragmático, tende a buscar alianças que garantam maior acesso ao poder federal, o que dificulta a adesão de um nome da centro-direita.

O cenário em perspectiva

Ratinho Junior está diante de uma encruzilhada política. Com a exclusão de uma candidatura pelo PSD, o governador terá de se posicionar estrategicamente para construir uma base competitiva fora de seu partido atual. A escolha entre o PL e o Republicanos será determinante não apenas para sua viabilidade eleitoral em 2026, mas também para o equilíbrio de forças no campo da centro-direita, que busca alternativas diante da ausência de Bolsonaro como candidato natural.

Embora desafiador, o cenário não é insuperável. Ratinho possui um histórico de gestão estadual sólida, alta aprovação no Paraná e capacidade de articulação que pode torná-lo um nome de destaque no cenário nacional. No entanto, o tempo é curto, e os movimentos que ele fizer nos próximos meses serão cruciais para definir seu futuro político.