1ª Semana da Nova Legislatura na CMC: “Improdutividade e Lacração”
A primeira semana da nova legislatura na Câmara Municipal de Curitiba (CMC) foi marcada mais por embates ideológicos do que por produtividade legislativa. Em meio a discursos polarizados e polêmicas simbólicas, os vereadores pouco avançaram em pautas de interesse direto da população. A semana se resumiu a debates acalorados, disputas ideológicas e uma pauta legislativa com poucos resultados práticos.
Embates Ideológicos e Discussões Infundadas
Um dos episódios mais simbólicos foi o embate gerado pelo uso de uma camiseta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) por uma vereadora, o que levou a uma discussão intensa e desnecessária em plenário. Além disso, a semana foi marcada por polêmicas como a Moção de Aplausos ao presidente dos EUA, Donald Trump, que foi reeleito e assumiu novo mandato este ano, gerando forte reação da vereadora Camila Gonda.
“Donald Trump não sabe o seu nome e nem o que o senhor está fazendo aqui. Mas sabe quem sabe? Os moradores do Caximba, do Tatuquara, do Sítio Cercado”, rebateu Gonda.
Ela ainda criticou a falta de priorização de temas relevantes: “Desde setembro do ano passado há um projeto pronto para votação que isenta o IPTU de imóveis atingidos por enchentes e alagamentos. Isso é muito mais importante do que dar aplausos para Trump.” Enquanto isso, projetos de grande impacto social seguem sem votação.
A vereadora Giorgia Prates (PT) reforçou a crítica: “Tem muita coisa pra gente trabalhar. Não dá para essa câmara se perder nesse tipo de díalogo que não traz fruto nenhum, a não ser o like de quem propõe esse tipo de coisa.”
O vereador Pier também se posicionou nas redes sociais: “Não podemos perder tempo na Câmara Municipal com esse tipo de debate. O papel do vereador é cuidar da cidade.”
Baixa Produtividade Legislativa
Apesar do tempo gasto em discussões polêmicas, apenas um projeto de lei de relevância pública foi votado: o que trata da regulamentação e programação de eventos de grande porte no município. Embora tenha importância para a organização da cidade, trata-se de uma matéria técnica, longe de ser uma demanda prioritária da população.
O outro projeto aprovado na semana foi a nomeação de um logradouro público, uma medida que tem pouco impacto real para a maioria dos curitibanos. Enquanto isso, questões urgentes como mobilidade urbana, segurança pública, saneamento básico e habitação popular não receberam atenção na primeira semana de trabalhos.
O que esperar da nova legislatura?
Se a primeira semana da nova legislatura servir como termômetro para os próximos anos, a CMC corre o risco de se tornar um palco de disputas vazias e de pouca efetividade prática. O eleitorado espera que os vereadores eleitos atuem na formulação de políticas públicas sólidas, debatam soluções para problemas concretos e façam jus à confiança depositada nas urnas.
O desafio para os próximos meses é claro: abandonar a “lacração” estéril e adotar uma postura mais pragmática e eficiente. Resta saber se os vereadores estão dispostos a atender às reais necessidades da população ou se preferem continuar presos em um jogo de aparências que pouco acrescenta ao futuro da cidade.
